Um dos grandes animes de 2014, Mahouka
mistura de maneira harmoniosa magia e tecnologia, influenciado pelas atuais
tensões entre Japão e China.
Simbiose Artificial
Em 1973, Arthur C. Clarke, um dos maiores
escritores de ficção científica e autor de obras magníficas como as sagas 2001 (quatro volumes), Rama (quatro volumes), Vanamonde (três volumes) e Odisséia no Tempo (três volumes), criou
a terceira e última das famosas Leis de
Clarke, que tratam da relação entre o homem e a tecnologia. Esta lei
declara: “Qualquer tecnologia
suficientemente avançada é indistinguível da magia”. Eis uma grande
verdade! Afinal, o que seria um dos nossos smartphones para qualquer homem
da idade média, senão um objeto mágico? Existe também um reverso desta lei, que
diz: “Qualquer magia suficientemente
analisada é indistinguível da ciência”. Ambas as frases podem ser integralmente
aplicadas na série de light novel, mangá e anime Mahouka Koukou no Rettousei pois, nela, magia e tecnologia – duas forças
tão antagônicas – foram unidas de forma indivisível, criando uma fusão
vantajosa para ambos os lados. A magia depende da tecnologia para ser mais
eficiente, e a tecnologia precisa da magia para continuar se aperfeiçoando. A longa
guerra entre ciência e magia não mais existe em Mahouka, substituída por uma trégua
eterna, graças a uma simbiose artificial. Mas este é apenas um dos charmes da
história.
Nome, Sucesso e Histórico
Numa
tradução direta para o português a tradução do título seria: “O Burro do Colégio de Magia” – mas a
versão em inglês criada pelo próprio autor foi mais gentil, traduzindo para “The Irregular at Magic School”.
Portanto, um título mais ideal em nossa língua seria “O Aluno Irregular do Colégio de Magia”. Os 26 episódios já foram
exibidos no Japão entre 05 de abril a 27 de setembro de 2014, ficando em
primeiro lugar na enquete do site Charapedia
que perguntou a 10 mil japoneses quais animes eles mais aguardavam da Temporada
de Primavera; e conquistou o segundo lugar no total de downloads via
aplicativos da Sony. O protagonista da
história, Tatsuya Shiba, ficou em
primeiro lugar como o personagem masculino mais popular na pesquisa entre os
leitores da tradicional revista informativa Newtype
e sua irmã, Miyuki Shiba, ficou em
quinto entre as personagens femininas. Em resumo, a série foi um sucesso.
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Irmãos Shiba - os queridinhos do Japão |
Publicada
originariamente como uma light novel
(ou seja, em forma de novela escrita) na revista Dengeki Bunko desde julho de 2011, a série já tem 16 volumes
publicados, e ainda está em andamento. Seu criador e escritor é Tsutomu Satou, e o ilustrador oficial é Kana Ishida, criador do visual dos
personagens (character design) e também chefe da animação na série de TV – e
ainda achou tempo para desenhar duas das cinco séries de mangá! Além de sua
versão em anime (que cobre as histórias até o volume 7 das ligh novels)
produzido pelo excelente Studio Mad House
(criador, entre outros, dos animes Card
Captor Sakura, Vampire Hunter D, Hellsing, Lodoss War, Death Note e Claymore), existem cinco mangás
diferentes cobrindo fases – ou “arcos” distintos da história, e dois videogames
– um para o sistema Android e outro
para o PS Vita.
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Mahouka tem 5 mangás diferentes |
Admirável Mundo Novo
Antes de falar
sobre Tatsuya e os demais personagens fantásticos desta série, convém explicar
o mundo futuro onde todos eles vivem. Pois sem isso, teríamos que escrever um
texto cheio de notas de rodapé. Nos acompanhem nas linhas seguintes, pois é bem
interessante:
A história começa
em 2095, quando o que definimos como “magia” há muito deixou os contos de fadas
para ser algo quotidiano. Estudada cientificamente desde o começo do século 21,
o processo de sua mescla com tecnologia começou em 2030, com o resfriamento
global e a conseqüente escassez de alimentos. As nações começaram a disputar os
poucos territórios ainda produtivos, iniciando em 2045 Terceira Guerra Mundial,
que durou 20 anos e reduziu a população mundial a três bilhões. Apenas
comparando, atualmente somos sete bilhões de pessoas vivendo nesse planeta.
Apesar deste massacre inimaginável, a coisa poderia ser pior, muito pior, pois
só não descambou para uma guerra nuclear total porque os técnicos em magia de
todo o mundo desenvolveram armas mágicas que revolucionaram os campos de
batalha e levaram a um impasse militar. E simples assim, a guerra terminou
praticamente sem vencedores. E quando ela acabou, o mundo havia mudado, com o
desaparecimento de vários países, absorvidos por outras nações ou partilhados
em países menores. Desta forma, 30 anos depois do final desta guerra
devastadora e quase inútil, o mundo vive uma paz relativa, onde o delicado
equilíbrio militar é mantido pelos magos. Eles se tornaram as novas armas
estratégicas, e cada nação investe pesado no treinamento de novos magos e no
desenvolvimento de novas tecnologias mágicas. Porque neste mundo futurista de
2095, a magia e a ciência, antes inimigas irreconciliáveis se fundiram,
tornando a Terceira Lei de Clarke realidade. Não dá mais para dizer com certeza
onde termina a magia e começa a tecnologia – e vice-versa.
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Como é o mundo em 2095, depois da Terceira Guerra Mundial |
Esta fusão
foi possível graças a várias pesquisas científicas que descobriam a fonte de
energia da magia, os Psions – as
“partículas de pensamento”, um fenômeno psíquico. Em outras palavras,
manipulando os Psions com uso de feitiços para canalizar o efeito desejado, se
realiza um encanto mágico – mas evocar um feitiço pode demorar, o que torna a
magia quase inútil em combates que podem ser decididos numa fração de segundo, pois
o recitar de alguns feitiços podem durar um minuto ou mais. Foi aqui que a
ciência deu uma grande ajuda e se misturou à magia ao inventar o CAD – Casting Assistant Device (Aparelho
Assistente de Feitiço). O CAD absorve os Psions, transferindo-os para a sequência
de ativação escolhida (em outras palavras, o Feitiço). A sequência de ativação
é enviada de volta para o mago, que canaliza os psions através de seu poder
natural de controla-los rumo ao alvo ou objetivo desejado. Ou seja: todo feitiço
é evocado pelo CAD em frações de segundo, livrando o mago de uma longa concentração
em mantras e “frases mágicas”. Basta apertar um botão e soltar o feitiço
desejado. Graças ao CAD, que tem formatos variados como celulares, pulseiras ou
pistolas, todas as magias se tornaram praticamente instantâneas, permitindo a
ascensão de uma nova casta de humanos: os magos.
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Em Mahouka, magia foi otimizada com a tecnologia |
Como magia
se trata de um fenômeno psíquico/natural, ela está acessível a poucos – ou se
nasce com a habilidade para dominar Psions ou não. É uma herança genética, e
por conta disso, as famílias que possuem os magos mais poderosos se tornam,
naturalmente, mais influentes. Elas também tratam de melhorar sua linhagem
casando com magos e magas de outras famílias igualmente fortes. No Japão de
2095, por exemplo, existe o Jusshizoku
(十師族) – título
dado as dez famílias mágicas mais influentes no Japão. O poder e influência dessas
casas é imenso – mas existem vinte e oito famílias dignas desse nome, por isso de
tempos em tempos há uma competição entre elas para definir quais são as mais
fortes que permanecerão no Jusshizoku,
e a mais forte de todas será o Clã Mestre.
As 18 famílias restantes são chamadas de Casas
Assistentes. Não existe uma obrigatoriedade para um mago se casar com outro
mago, ou uma segregação contra magos que casam com pessoas sem magia. E também
não há opressão ou racismo contra pessoas sem poderes mágicos, pois neste mundo
de trégua inquieta entre as nações, magos são o equilíbrio impedindo que uma
nova guerra devastadora comece. As pessoas normais precisam dos magos e
vice-versa, sem espaço para conversa sobre superiores e inferiores.
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Para ser mago, não adianta treinar - é um dom natural |
Mas magia
não existe apenas para a guerra: ela influencia todos os setores como medicina,
engenharia e tecnologia em geral. Isso faz dos magos pessoas necessárias e procuradas,
com altos salários e honrarias – mas nunca há o suficiente deles para atender a
todas as necessidades industriais, de construção, medicina e outros setores da sociedade.
Eles são ferozmente disputados por empresas, mas devido às tensões políticas, a
maioria está a serviço das forças armadas de seus países. Magos são, de uma
forma bem literal, armas vivas de imenso valor estratégico, pois os mais
poderosos podem desmantelar arsenais nucleares com um encanto! E para preparar
e treinar novas gerações de magos, o Japão criou nove Colégios
Mágicos, onde os adolescentes recebem a devida educação e treinamento para se
tornarem técnicos em magia. Apesar de poucos, estes colégios são o bastante para
educar todos os jovens com dons mágicos do país.
É no principal deles, o Primeiro Colégio de
Magia (em japonês, 八王子市 - Hachiouji-shi) filiado à Universidade Nacional de Magia, em
Tóquio, que começa a história.
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Primeiro Colégio de Magia, onde a história acontece |
Entre Flores e Ervas Daninhas
O Primeiro
Colégio é onde elite da elite estuda. Seus testes de seleção são os mais rigorosos,
pois como é explicado nas primeiras páginas da Light Novel, trata-se de “uma instituição mágica de nível avançado,
famosa por ser a que envia mais estudantes para a Universidade Nacional de
Magia todo ano. Além disso, é também um colégio que forma o maior número de
Técnicos em Magia de elite (ou seja, magos). Sobre a educação mágica, não há
postura oficial acerca de oferecer oportunidades iguais de formação. Este país
(Japão) não tem recursos para se dar a tal luxo. Além disso, os debates
infantis idealistas sobre a notória disparidade que existe entre os capazes e
os incapazes não são toleráveis.
Totalmente focado no talento.
Fortemente orientado pela competência.
Esse é o mundo da magia.
Nessa escola, onde apenas a elite é
aceita, os estudantes são divididos em promissores e pequenos perdedores já
desde a matrícula.
Mesmo que dois indivíduos sejam
calouros, eles não são necessariamente iguais.
Ainda que sejam irmãos de sangue”.
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Tatsuya e Miyuki - juntos na escola, mas separados pelos distintivos em seus braços |
É o que
acontece a Shiba Miyuki e Shiba Tatsuya (no Japão, o sobrenome da
família vem primeiro), que foram aceitos no Primeiro Colégio, mas não podem
alimentar esperanças de estudarem na mesma classe. O motivo disso é que Miyuki
foi aceita no grupo de alunos chamado Curso
1, e Tatsuya no Curso 2. E qual o
problema disso? No Curso 1 (identificados um distintivo em forma de flor no uniforme), entram os alunos que nas provas de seleção tiraram
as melhores notas em magia prática, no Curso 2 (com distintivo em branco) entram os com notas mais baixas nesse
quesito, como é explicado na própria Light Novel: Existe uma cota para duzentos calouros neste colégio. Dentre esses
duzentos, metade entrava como estudante do Curso 2. O Primeiro Colégio é
afiliado da Universidade Nacional de Magia e é uma instituição guiada pela política
nacional com propósito de criar Magos Técnicos. O colégio tinha o dever de
produzir resultados efetivos, em troca de uma verba outorgada do país.
Esse colégio produz mais de cem
formandos todo ano, e eles ou vão para a Universidade de Magia ou se alistam no
Instituto Técnico Mágico de Formação de Profissionais Treinados.
Infelizmente, a educação mágica é um
processo de tentativa e erro. Alguns acidentes... podem ocorrer,
graças a pequenos descuidos em treinos práticos e em experimentos mágicos... talento
mágico é facilmente prejudicado por traumas psicológicos. Todo ano, o número de
estudantes que desistem por incapacidade de usar magia devido ao choque causado
por um acidente não é pequeno.
Os extras que preenchem as vagas (para
manter a quota de 100 alunos de elite formados por ano) são os estudantes do
Curso 2.
Uma vez matriculados, eles podem
participar das aulas, usar as instalações e têm acesso à informação, mas não
possuem o componente mais importante para seus estudos: ficam sem instrução
particular para praticar habilidades mágicas. Podem apenas aprender na base da
autoeducação e demonstrar resultados com seus próprios esforços... O número de
profissionais que podem lecionar mágica é insuficiente, logo, é inevitável que
os mais talentosos recebam prioridade. Estudantes do Curso 2 são aceitos sob o
pretexto de que ninguém os ensinará, desde o começo.
Ou seja,
Tatsuya é apenas um tapa-buraco, um mero "reserva", mesmo tendo gabaritado nas provas escritas e
dissertativas com a nota máxima. No primeiro colégio, importa mais o nível de
poder mágico de um aluno que seu conhecimento teórico/técnico. E há outro fator que o
separa de sua irmã nas aulas: a segregação não oficial entre as duas turmas,
mas que existe de fato. Os alunos do Curso 1 tem o apelido não-oficial de Blooms (em inglês, florescer, no sentido
de flores que desabrocham) e os do Curso 2 de Weeds (erva-daninha). Como se vê pelos apelidos, Blooms são "superiores" aos Weeds, que aceitam de cabeça baixa esta
condição. Os dois grupos não se misturam, e quase não conversam.
Mas a
chegada de Tatsuya no Primeiro Colégio vai chacoalhar esta pirâmide social
preconceituosa, pois seu jeito sério e de poucos amigos oculta um jovem ultra
talentoso com poderes mágicos não considerados nas provas de admissão, mas que mal
as aulas começam, o fazem vencer em duelo um dos alunos mais fortes da escola e
o tornam o primeiro Weed a ser aceito no Comitê
de Moral Pública (os “seguranças” do colégio, que cuidam dos arruaceiros e problemas
de disciplina). Junto com os amigos que cativa entre seus colegas de classe
(todos Weeds), mostra que a magia bruta pode vencida com estratégia e
inteligência. Mesmo entre os Blooms, ele consegue aliados e amigos, o que
completa um elenco para mais de vinte personagens fascinantes e cativantes,
cada um com poderes mágicos e personalidades diferentes que interagem entre si
nos 26 episódios – e todos tem o seu momento de destaque e brilho ao longo da
história. É fácil se cativar por pelo menos um deles, tão charmosos
são.
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O que não falta em Mahouka são personagens com personalidade - e todos eles tem seu momento de brilho na série! |
Mas nenhum supera
o carisma de Tatsuya, o galã do momento entre as garotas japonesas que curtem
animes (elas o acham “lindo”). E seus poderes mágicos, que deixaremos de
comentar aqui para não estragar a surpresa de quem ainda não assistiu a série,
são realmente estonteantes. E como tudo isso é pouco para criar um personagem overpower,
sua criatividade e inteligência são insuperáveis, pois ele é um programador
mágico Excepcional. Os programadores mágicos “escrevem” os feitiços para os
CADs – algo análogo aos criadores de programas para computadores. E quando mais
bem programado um feitiço for, mais eficiente e poderoso será.
Porém – e
sempre os há – Tatsuya possui um passado negro, não devidamente explicado no
anime, por isso explicaremos a seguir.
O Mago Mais Poderoso (e perigoso) do
Mundo
Quando tinha
seis anos de idade, sua mãe Shiba Miya
e sua irmã gêmea Yotsuba Maya fizeram
algumas experiências com Tatsuya. Miya usou uma magia proibida chamada Interferência de Design Mental, que altera
a área em que a consciência é responsável por emoções fortes (o sistema
límbico), e a instalação em seu lugar de um modelo de cálculo mágico, numa
tentativa de criar um Mago artificial. Essa operação foi necessária para que
Tatsuya não perdesse em algum momento o controle das emoções e se tornasse um
berserker, destruindo o mundo com seu poder mágico devastador. A operação deu certo,
fazendo Tatsuya perder a capacidade de ter fortes emoções, em troca da
instalação de uma Área de Cálculo Mágico
que lhe permite usar a magia normalmente, embora com velocidade e potência
inferior.
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Essa página do mangá explica bem como a mente de Tatsuya funciona diante de emoções extremas: elas não existem para ele |
Como ele
mesmo explica na Light Novel: “Nunca irei
sentir raiva cega, ou chafurdar em desespero, ou lutar com inveja, ter rancores,
ou odiar qualquer pessoa, ou meu coração ser tomado pelo sexo oposto. Tenho
fome, mas não gula. Tenho desejo (sexual) sem ser lascivo. Sinto cansaço, mas
não preguiça”. E qual foi a única emoção que permaneceu intocada em
Tatsuya? O amor que ele sente por sua irmã – e que fique claro, não se trata de
amor incestuoso, mas aquele sentimento que une bons irmãos. A única coisa capaz
de fazer Tatsuya ficar furioso e lutar sem piedade é quando sua irmã é ameaçada
de alguma forma – e mesmo quando em fúria, ele mantém a cabeça fria e seu tom
de voz não muda. Seu zelo por Miyuki chega quase a ser uma obsessão, mas não há
nisso nenhuma forma de paixão carnal. É o único sentimento verdadeiro e
intocado que lhe resta então, quando pode, ele o desfruta. E Miyuki, cabe dizer,
tem sim uma paixão incestuosa por seu irmão, mas sabe que não pode ultrapassar
uma determinada linha – o que não a impede de ter crises de ciúmes, já que
pelos menos meia dúzia de garotas do Primeiro Colégio estão interessadíssimas em
seu precioso irmão mais velho!
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A unica emoção verdadeira que restou a Tatsuya foi o amor por sua irmã |
Manifesto Anticomunista
A série
Mahouka é dividida em vários Arcos – aventuras ou eventos isolados que podem
ser lidos separadamente, mas no todo, formam uma obra completa. Apresentamos a
seguir um breve resumo do primeiro Arco, que cobre os volumes 1 e 2, chamado Nyuugaku (入学編 –
Matrícula), que escrito de maneira consciente ou inconscientemente pelo autor, ficou
parecendo um manifesto anticomunista.
Nessa
primeira fase conhecemos Tatsuya, Miyuki e todos os personagens secundários ao
redor dos quais a história acontece. Feitas as apresentações, acontece o célebre
duelo de Tatsuya onde ele humilha um dos melhores alunos do Primeiro Colégio, cresce
sua fama ao detonar os arruaceiros, e chega-se ao âmago da trama: a segregação
dos Blooms contra os Weeds. Apesar de não ser considerado ofensivo, estes
apelidos criam de fato uma animosidade, e uma parte dos Weeds formou um grupo
chamado Égalité (Igualdade, em
francês) que protesta contra o que consideram uma discriminação injusta contra
os Weeds e exige a “igualdade” entre todos os alunos. A conotação com a
revolução francesa é clara (o lema nessa revolução era: Liberté, Égalité,
Fraternité – Liberdade, Igualdade, Fraternidade), incluindo o uso de pulseiras com as cores da bandeira da França. As ações deste grupo
“revolucionário” são apoiadas pela Blanche,
uma organização política internacional que lançou um manifesto antimagia, pedindo o fim dos sistemas políticos que
tratam Magos de forma superior, e a eliminação da diferença de tratamento
causada pela presença de habilidades mágicas – algo análogo ao Manifesto
Comunista de Karl Marx lançado em 1848. Dentro do Primeiro Colégio, a Égalité está ganhando força e apoio de
vários alunos Weeds, que se sentem oprimidos pelos Blooms. Aqui temos uma analogia
do Japão atual em relação aos seus ameaçadores vizinhos comunistas – Coréia do
Norte e China – onde a primeira faz ameaças diretas com bombas atômicas, e a segunda
disputa de maneira cada vez mais agressiva a posse das ilhas Senkaku e o controle
da região marítima ao redor. É impossível aos japoneses ignorar seus belicosos vizinhos,
regidos por uma forma de governo onde se prega a “eliminação de classes” e a
“igualdade entre todos”.
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Mas como
Tatsuya explica na light novel a sua irmã Miyuki, quando ele começa a
investigar quem financia as ações da Blanche:
“No entanto, a ideia de que os magos deste
país recebam tratamento preferencial do sistema político é falsa. Para ser mais
preciso, desde que Magos foram tratados como ferramentas a serem utilizadas pelos
militares e outros, dizer que o tratamento era desumano seria mais próximo da
verdade. Isso aconteceu porque, quando comparado com o país vizinho com a maior
população do mundo (aqui, uma alusão clara à China), não havia outra maneira de
combinar a grande diferença no número de tropas que poderiam ser mobilizados
além da adoção de uma abordagem de qualidade sobre a quantidade. É verdade que
os magos que servem nas forças armadas ou no governo recebem um salário mais
alto, mas isso foi em compensação ao aumento de trabalho...
Para as pessoas sem talento, para
escapar do fato de que não se pode comparar com os outros, eles cantam bem alto
os louvores de igualdade. Para aqueles sem magia, para evitar o fato de que a
magia é apenas um tipo de talento, eles cobrem essa crença com ciúme. Depois de
entender estes princípios, qual é o propósito de alguém incitar à ação nos
bastidores? A igualdade de que eles estão se referindo é igualdade de
tratamento, independentemente da presença de habilidade mágica. Abolir as
diferenças sociais causadas por magia é o mesmo que não atribuir qualquer valor
à magia. O resultado final é que a magia perde todo e qualquer significado na
sociedade. Em uma sociedade onde a magia não tem nenhum valor, a magia não pode
avançar ou melhorar. De pé atrás dos magos e pessoas comuns que estão pedindo o
fim das diferenças causadas por magia, está uma força que pretende abolir a
magia deste país”.
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Saegusa Mayumi, Presidente do Conselho Estudantil do Primeiro Colégio, num debate aberto com os representantes da Égalité. |
E abolindo a
magia do Japão, este ficaria fraco militarmente para enfrentar ataques mágicos
de seus inimigos que, não por coincidência, financiam a Blache. Aqui, a alusão
ao comportamento de nações comunista também fica claro, pois o comunismo prega
o fim das diferenças e classes sociais em prol de um mundo mais igualitário –
porém, como a história já deixou registrado, todos os países tomados pelos comunistas se tornaram imediatamente ditaduras cruéis, muito mais sangrentas e
rigorosas que os “selvagens capitalistas” dos quais se diziam vítimas. E a
questão em Mahouka de haver um movimento para banir a magia é outra analogia a
uma velha manobra: historicamente, sobram provas que as grandes
potencias comunistas financiaram secretamente partidos comunistas em países
democráticos exigindo a pacificação e o desarmamento, com a intenção de
enfraquecer estes países política e militarmente! Mas a Blanche criar e
apoiar a Égalité dentro do Primeiro
Colégio, é por um objetivo nada altruísta que não explicaremos aqui. Mas podemos adiantar isso: nos arcos seguintes de Mahouka, fica cada
vez mais evidente que a grande ameaça ao Japão é a Grande Aliança Asiática – nação que surgiu da fusão entre China,
península coreana, norte da Birmânia, Vietnã e Laos. E mais uma vez, vemos aqui
os temores do Japão sendo aproveitados numa obra de ficção, pois se há algo que
já deixou todo japonês preocupado pelo menos uma vez, é a provável invasão de
seu país pelos chineses. Mas a Grande Aliança Asiática está sendo manipulada por um poder oculto. E o que esse poder oculto pretende? É o que os próximos volumes
das Light Novels deverão contar. Mas esta fase, infelizmente, não coube no anime,
que chegou apenas até o sétimo dos 17 volumes já publicados.
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Além dos inimigos estrangeiros, Tatsuya terá que lidar com um grande rival que está apaixonado por sua irmã! |
Mas
esperança existe! Há planos para que em 2016, provavelmente na Temporada de
Primavera (abril), ser lançada uma segunda série aproveitando do volume oito em
diante. A demora se justifica porque desejam manter a mesma qualidade soberba
de animação, e também, dar tempo para Tsutomu
Satou escrever mais alguns volumes – exatamente o mesmo motivo para a segunda
temporada em anime de Ataque dos Titãs,
estar prometida também para abril de 2016 – dar tempo do seu autor desenhar
mais alguns volumes de mangá. Tudo indica que a Temporada de Primavera do
próximo ano vai pegar fogo! Quem viver, verá!
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Mais Mahouka em 2016? É o que muitos fãs desejam! |
Quer saber um pouco mais sobre Mahouka?
Site oficial em Inglês, com direito aos episódios "bonus" onde os personagens aparecem na versão SD (Super Deformed - achatados e com "cabeção"):
O Mangá Host está traduzindo para o
português três das cinco séries de mangá, e tem disponível em português os dois
primeiros volumes da Light Novel (de onde tiramos os trechos citados na
matéria). Para acessá-los, vá neste link:
Um grupo de fãs brasileiros está empenhado em traduzir TODOS os volumes das Light Novels! Até agora, já postaram os volumes 1, e do 8 até 13 (estes são os que a série de TV não adaptou, tendo parado no volume 7). Apesar de alguns erros gramaticas e de tradução, no todo é um trabalho que merece respeito e atenção.
http://mahoukatraducao.blogspot.com.br
Há uma
enciclopédia na internet dedicada apenas a Mahouka, com informações detalhadas
sobre personagens, mágicas, países, personagens, etc. – mas apenas em inglês:
Quem deseja
ler todos os mangás de Mahouka, o MangaFox
está traduzindo em inglês todos eles! No sistema de procura no topo da
página principal, basta digitar “Mahouka” e o link para cada mangá aparecerá.