Palestra-aula sobre Mangá BRASILEIRO!

Aconteceu ontem em São Paulo, no auditório da Escola Panamericana de Artes, uma palestra-aula sobre mangá com Erica Awano e Marcelo Cassaro, com o apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo. A atividade começou às 15:00 e se encerrou às 18:00.

Erica Awano é desenhista de quadrinhos profissional, com 15 anos de carreira e mais conhecida pelo seu trabalho desenhando toda a série Holy Avenger (40 edições + 2 especiais) e várias outras revistas como uma edição da série Warcraft e toda a minisérie Alice em parceria com Leah Moore, filha do escritor e roteirista de quadrinhos Alan Moore.

Marcelo Cassaro é desenhista, roteirista e criador de jogos de RPG, sendo atualmente um dos roteiristas da Turma da Mônica Jovem, além da criação e roteiro da série Holy Avengers, Victory, Street Fighter Zero e dezenas de outras. Foi também o editor-chefe da revista Dragão Brasil, e desenvolveu o sistema de RPG 3D&T.

Os dois foram convidados pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo para realizarem esta palestra-aula, além de sua extensa ficha profissional, por terem sido premiados no 1o. Concurso Internacional de Mangá em 2007, realizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão. A palestra foi anunciada com antecedência e teve inscrições gratuitas pela internet.

Todos os que se inscreveram e compareceram, ganharam na entrada um kit de desenho com prancheta, lápis e borracha importados do Japão, xeroxes de páginas produzidas por Erica e Cassaro mostrando como adaptaram o roteiro numa página de quadrinhos, e o item mais precioso: a quarta edição da revista Nippon - Discovering Japan, com várias matérias sobre o que é e como funciona o mercado de mangá no Japão, o maior do mundo.

A palestra-aula ocorreu de maneira tranquila, descontraída, didática e prática. Erica e Cassaro se revezaram nas explicações e exemplos práticos de desenvolvimento de roteiros e páginas de quadrinhos que apresentaram no telão, sempre deixando espaço para os presentes exporem suas dúvidas.

Fases importantes no desenvolvimento de uma história em quadrinhos como lay-out da página, enquadramento, posicionamento dos balões e onomatopeias foram explicados por dois profissionais muito experientes, que também deram conselhos e deixaram claro que desenhar mangá/quadrinhos não é uma profissão "fácil" e "divertida" como muitos acreditam. Falaram também do preconceito existente com os que vivem desta carreira, como aquela velha piada: "Qual é o seu trabalho? Eu desenho quadrinhos! Ah... sei... mas qual é o seu trabalho mesmo?" Esse tipo de atitude, infelizmente, é mais comum do que se imagina...

Compareceram cerca de 50 pessoas à palestra-aula, que dava a impressão haver menos visitantes porque o auditório da Escola Panamericana tem cerca de 300 assentos. Mais pessoas poderiam ter participado se o horário fosse à noite ou num final de semana. Vi muitas pessoas lamentando em comunidades do Facebook não poderem participar por causa do horário, bem no meio do expediente normal de trabalho. Provavelmente, o Consulado Geral do Japão em São Paulo não conseguiu outro horário para usar um espaço tão procurado como o auditório da Escola Panamerica, mas deixo aqui a sugestão para numa próxima edição desta palestra-aula, tentar fazê-la num horário e dia mais acessível a todos os interessados - de preferência, à noite ou num final de semana.

Ao final da palestra-aula, foram sorteados por Cassaro e Erica edições encadernadas da série Holy Avenger e livros sobre o Japão - cortesias da Editora Jambô e Consulado Geral do Japão, respectivamente.

Finda a palestra-aula e os sorteios, alguns dos participantes puderam conversar e tirar dúvidas pessoais de maneira bem descontraída com Erica e Cassaro. Foram perguntas, conselhos, entrevistas e autógrafos! Sobrou até para mim, pois um antigo leitor da série Megaman apareceu com duas edições encadernadas, pedindo meu autógrafo!

E na saída do auditório, vários participantes tiveram seu "momento fã" quando tiraram fotos com Erica e Cassaro (e aproveitaram a ultima chance de conseguir um autógrafo).

E ao final de tudo o saldo positivo deste pequeno evento é muito grande: várias pessoas aprenderam fases importantes na produção de quadrinhos direto de profissionais experientes, e o Consulado Japonês dá seu apoio oficial ao mangá no Brasil - o que significa que sim, temos mangá brasileiro! Mas antes de comemorar esta conquista e reconhecimento, é melhor que arregacemos a manga e comecemos a trabalhar de verdade para que o jovem mangá brasileiro tenha um estilo e identidade próprios, como o manha chines e o manwá coreano tem. E isso ainda vai tomar muitos anos de experimentos e trabalho, muito trabalho. E falando em trabalho, não esqueçam que vem aí o Sexto Concurso Internacional de Mangá! Preparem-se!