29 de nov. de 2012

Espelhos da Animax!


















A imagem acima mostra como era planejada e feita a distribuição das matérias para a Animax 48, usando uma velha ferramenta de diagramação dos editores: o espelho.


Ele nada mais é do que a representação numa folha de papel de cada página da revista, onde se anota qual o espaço que cada matéria/seção irá ocupar. A linha pontilhada que corta cada página ao meio serve como referência para posicionamento de matérias/publicidades que ocupem apenas meia página. O procedimento que segui nas 50 edições da Animax sempre foi o mesmo:


1 - Preparação da pauta - ou seja, escolher quais matérias sobre animes/mangás entrariam na próxima edição. As seções fixas eram as mais fáceis de posicionar, já que ficavam sempre nas mesmas páginas.

2 - Montagem da edição. Usando uma versão em branco do espelho mostrado acima (ainda tenho alguns guardados, que nunca usei), anotava à lápis onde cada seção/matéria deveria ficar. Note que o espaço de cada matéria era marcada com flechas no começo e fim das páginas destinadas, usando as linhas pontilhadas como base. Por exemplo: a matéria de Yuyu Hakushô, páginas 6 a 9, há uma flecha à esquerda da página 6 onde "começa" a matéria e na página 9, uma flecha à direita onde a matéria "termina".


3 - Feito o espelho, era hora de pesquisar, escrever as matérias, selecionar imagens e cobrar os colaboradores para entregar as matérias no prazo. Como a internet era discada, cara e privilégio de poucos, alguns deles entregavam para mim em disquetes pessoalmente.


4 - Todas as matérias escritas e imagens selecionadas, era hora de entregar o material para a equipe de digramação da editora, que usava como referência os espelhos para montar a revista. A diagramação de uma Animax demorava de 2 a 5 dias, dependendo do volume de material a ser escaneado e do tempo disponíel da equipe por conta das outras revistas da editora a serem digramadas. Havia, em outras palavras, uma "fila de espera".

5 - Feita a diagramação da revista, eu era chamado para fazer a revisão. Todas as páginas eram impressas em PB, e eu relia cada uma delas procurando erros, trocando imagens que não tivessem ficado interessantes ou  esticando/encurtando matérias/textos. E aplicando legendas também - sempre usando caneta vermelha nestas alterações.


6 - Tudo ok, a revista era enviada em disquetes "zip drives" (explicação do que eram e como funcinavam neste link) para a empresa que produzia os fotolitos (explicação neste link). Em geral um ou 2 zip drives bastavam para cada edição. 


7 - Uma vez a revista toda "fotolitada", eu revisava mais uma vez as "provas de fotolito" - versões impressas à cores de cada página, à procura de eventuais erros que tivessem escapado da primeira revisão. Caso houvessem erros numa página, ela tinha que ser fotolitada novamente.


8 - Tudo ok com os fotolitos, era hora de enviá-los à gráfica para impressão. Curiosidade: SEMPRE foram impressas duas edições da Animax ao mesmo tempo. Motivo: era mais barato rodar duas edições de uma vez, para aproveitar toda a largura das impressoras rotativas e das bobinas de papel. Por isso conseguimos manter a Animax a um preço tão baixo por tanto tempo. 


9 - Depois de impresssas, as revistas eram enviadas direto às distribuidoras, que se encarregavam de distribui-las em todas as bancas do país.

E depois tem gente dizendo que "fazer revista" é fácil...

Abaixo, o espelho da Animax 9, que posto por conta das anotações que estão nela, mostrando como haviam alterações antes de se chegar à versão final da revista.

Mas acima de tudo, apesar de todo o trabalho e eventuais dores de cabeça, preparar cada edição da Animax foi SEMPRE divertido e muito prazeiroso. Bons tempos, bons tempos!

   

Um comentário:

  1. Para quem lia Animax nessa época e hoje em dia trabalha com diagramação, esses posts de bastidores são um barato!

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