4 de out. de 2012

Miniséries Nunca Publicadas - Parte 1

A história de como quase produzimos várias miniséries em quadrinhos de videogames famosos. Faltou muito, muito pouco...



Em 1999 a Editora Shalon com sede no Rio de Janeiro-RJ, começou graças a mim, negociações com a empresa de licenciamento Character de São Paulo - SP, para publicação em quadrinhos de vários videogames famosos: Megaman X, King of Fighters, Samurai Spirits, Pocket Fighters e Darkstalkers. Eu fui o elo de ligação entre a Shalon e Character, sendo que o "pagamento" pela assessoria era bem compensador: o meu Estúdio PPA teria exclusividade de produção das miniséries, onde eu teria total liberdade para criar as histórias e fazer a seleção dos desenhistas e roteiristas. Seria um feito único no mercado editorial até então! 

Rapidinhas da Edição 46 da Animax, anunciando as primeiras três miniséries que seriam produzidas pelo Estúdio PPA para a Editora Shalon.
Paralelo às negociações, solicitei testes sem compromisso a todos os desenhistas que haviam trabalhado para mim nas revistas Megaman e Hyper Comix como Eduardo Francisco, Fabio P. Nunes, Érica Awano, Denise Akemi, Jucylande Junior, Daniel Lima, Rogério Hanata e outros. Para estas miniséries eu não podia e nem queria abrir espaço a desenhistas novatos. Eram títulos importantes demais para serem deixados em mãos inexperientes. Todos que foram convidados para os testes eu avisei pessoalmente, e poucos recusaram. O resultado: recebi tantos testes para avaliação, que pude encher uma pasta apenas com eles! Minha função continuaria a mesma: editor-chefe, coordenando a produção de todas as equipes - mas reservei para mim a minisérie do Megaman X, onde eu já tinha um roteiro pronto em 4 partes.

Capa-piloto para a minisérie The King of Fighters - a única que ainda tenho uma cópia impressa. As demais se perderam.
Mas pegando todos de surpresa, a Editora Shalon fechou as portas sem dar nenhuma satisfação e com a Character já tendo aprovado o licenciamento! Eu e todos os desenhistas/roteiristas ficamos literalmente sem chão! Num dia, tudo estava bem encaminhado e os roteiros já quase prontos; os desenhistas selecionados só aguardavam o sinal verde para começar. No dia seguinte, tudo desmoronou!
Ainda tentei publicá-las oferecendo o projeto a outras editoras, levando a gorda pasta com os desenhos em várias reuniões. Apesar dos elogios pela qualidade do material, ninguém se interessou em continuar o projeto, mesmo sabendo que a Character já tinha aprovado. Tudo que restou destas miniséries nunca publicadas foi uma pasta com mais de 100 ilustrações, páginas e estudos de personagens que estarei postando aqui no Blog aos poucos. Será um registro da única tentativa de publicar em larga escala no Brasil, com desenhistas e roteiristas nacionais, miniséries dos vídeogames mais famosos do mundo.

Pena que não deu certo...

2 comentários:

  1. É uma pena que tal projeto tenha sido cancelado.
    Ia ser uma coisa incrível ter várias minisséries baseados nos games de sucesso da época!
    Mas infelizmente como eu, você Peixoto e todos que acompanham o mercado editorial nacional desde sempre, vemos o descaso que essa "editora" e outras deram para tão inovador projeto!
    Quadrinhos nacionais tem pouca chance no já minusculo mercado nacional ocupado pelas publicações americanas e agora sendo invadido aos poucos pelos famosos "mangás"...
    Felizmente tivemos um pequeno momento de novidades nos quadrinhos nacionais (não só mangá "made in brasil") com a "Holy Avenger", "Victory" "Combo Rangers" e outras publicações menores mas que marcaram o cenário nacional por muito tempo.
    Mas hoje graças a internet, podemos ter acesso a um vasto material feito por excelentes desenhistas nacionais que nem teria um lugar ao sol se fosse disputar uma vaga no concorrido e cruel mercado nacional!

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  2. Talvez se o Peixoto tivesse feito como o M.Cassaro fez na época em que ele fechou uma parceria com a Image (aquela do Spawn) para publicar o Victory/Holy Avenger nos EUA...Infelizmente projetos audaciosos como este só vingam se o start-up for lá no estrangeiro (la essa cultura é mais facil de ser absorvida e as editoras tem mais bala na agulha que as nossas). Se esses mangaijins da Capcom/SNK dessem ibope na época em que a Marvel estava apostando forte no estilo de mangá "americanizado" (graças aos traços do Humberto Ramos, J. Campbell e Joe Madureira) na terra do tio Sam, o Peixoto poderia "importar" devolta pra cá estes mesmos mangaijins,agora traduzidos para o português...Essa era a sacada de marketing - fazer suceço la fora pra depois investir aqui. Tanto atualmente, os manga-kas tupiniquins que desapareceram, na verdade, os que sobreviveram, hoje estão fazendo freelances para editoras gringas pequenas (uma hora o Diogo Saito vai desenhar Xmen pra Marvel...)

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