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Desde o primeiro Animecon, em outubro de 1999, acontecem casos de garotas vestido belos cosplays e sendo assediadas e insultadas por otakus taradinhos. Saiba como lidar com eles.
Este é um
problema que vejo acontecer desde que existem eventos no Brasil. O caso mais
antigo testemunhado por mim foi em outubro de 1999 (é, no PRIMEIRO Animecon!), quando uma garota usando
cosplay de Felícia (Dalkstalkers) foi literalmente agarrada por
um otaku que confundiu sua tara de videogame com a realidade. Recebeu uma bela
bronca e teve que se desculpar com a garota. Depois disso, os casos se
multiplicaram e testemunhei outros assédios piores ainda, como um sujeito que
veio do Rio de Janeiro até um evento em Curitiba, apenas para levantar um
cartaz escrito “procura-se uma p**a” durante a apresentação de uma cosplayer
que ele cortejou no Animecon de 2000 e fora rejeitado merecidamente. O
expulsaram do evento, lógico! Eu poderia quase escrever um livro sobre estes
casos que me contaram ou presenciei, mas não é o meu objetivo.
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Garota com cosplay de Felícia do videogame Darkstalkers (Animecon 1999), uma das primeiras vitimas de assédio em eventos para otakus no Brasil |
Eu quero
falar de um caso recente, acontecido entre domingo e terça (14 a 16 de
outubro). Uma cosplayer aqui de São Paulo, a Sabrina Kojinaki,
recebeu durante o final de semana mensagens de sujeito, aparentemente responsável
pela página do grupo Otaku Riders no Facebook. Ele perguntou para a
Sabrina se era bissexual (isso é pergunta que se faça?), ela
respondeu que não, e ainda insistiu perguntando se ela “não tinha vontade, porque parecia bi”.
A Sabrina ignorou e por fim, o bloqueou. A reação dele foi bem madura: xingou ela,
seus cosplays e até a irmã mais nova da Sabrina em seu perfil pessoal, já que estava bloqueado. Parecia só o um caso de machismo misturado a imaturidade,
mas não parou aí.
O susto
veio na manhã de segunda, quando amigos da Sabrina a alertaram que na página do grupo
Otaku Riders haviam postado ISTO:
Fica evidente a intenção dele de insultar a Sabrina e difamá-la publicamente via Facebook, usando uma foto que tirou do perfil dela! E como ela mesma me disse, tomou um baita susto ao ver sua foto numa "propaganda para filme pornô", pois faz cosplay há 4 anos
e nunca teve que encarar algo assim! Mas passado o susto, ela pensou o que faria, buscou
conselhos e comprou a briga, começando por fazer um Boletim de Ocorrência, cuja
cópia segue abaixo:
Feito o B.O., daqui por diante o advogado da Sabrina cuidará do caso, pois esta “bricadeirinha”,
como alguns chamaram, é classificada como um CRIME em vários itens da nossa legislação: Dano moral
e uso de imagem sem autorização (Lei nº 5.988/73 art. 49, I, f) mais difamação
(art. 139 do código penal). O rapaz que quis se vingar de maneira tão perversa e mesquinha de algo que ele
começou que se prepare, pois vai ter que enfrentar as consequencias de seu ato infantil no mundo de gente grande.
Assim que
soube do ocorrido, ajudei como pude a Sabrina, divulgando o caso no meu perfil
e no Grupo da Animax do Facebook. No Grupo da Animax, a resposta foi imediata e feroz, como
pode-se conferir neste link.
Todo o grupo se fechou numa parede humana para ajudar e defender a Sabrina! E tal união surtiu efeito menos de duas horas depois de postado meu anuncio: o perfil do
atacante, mais a página e perfil do grupo Otaku Riders foram DELETADOS do
Facebook! Essa é a força que um grupo de fãs unidos e bem intencionados possui!
A história ainda não acabou, claro, mas todo o acontecido está relatado acima e a Sabrina ficou de me atualizar
as novidades conforme se desenvolva os procedimentos judiciais.
Talvez
você esteja se perguntando: porque me dei ao trabalho de contar isso, se é
apenas mais um caso de assédio sexual feito por um cara imaturo e que confundiu
a personagem com a pessoa, só porque ela fez um cosplay (e note que nem é de
uma personagem sensual)? Volte lá em cima e veja o que eu escrevi sobre
conhecer casos semelhantes o suficiente para encher um livro e você terá a
resposta. Eu estou DE SACO CHEIO por ver este tipo de assédio atingir garotas
que só querem se divertir fazendo cosplay de seus personagens favoritos! Será
que estes taradinhos com os hormônios e a cabeça desreguladas não percebem o
dano psicológico, o trauma que fazem sobre elas? É tão divertido assim estragar
a alegria e diversão dos outros? Que pervertidos lixosos e mesquinhos vocês são,
hein? Suas mães devem ter muito orgulho dos seus atos! Sei que alguns fazem
isso sem nem pensar nas conseqüências, só pela “diversão”. Bem,
daqui por diante vocês sabem as conseqüências de tal “diversão”: processo e
condenação – e se a garota que vocês debocharam for menor de idade, o dano é
pior ainda! E caso o engraçadinho seja menor de idade, quem será julgado são os seus pais! Alguém precisa pagar a conta, sabia?
E para as
garotas-cosplayers que tanto embelezam os eventos e fazem a alegria de nossos
olhos ao encarnarem tantas personagens que gostamos, uma série de conselhos
sobre como proceder, caso seja vítima de assédio:
- Se
estiver num evento e algum engraçadinho te perturbar, chame um segurança ou
alguém da equipe do evento e RECLAME! É obrigação da direção do evento zelar
pela segurança e bem-estar de todos os visitantes, e se tem um taradinho
assediando as cosplayers do evento, ele deve ser colocado para fora sem conversa.
- Quando
for a eventos, fique sempre junto aos seus amigos. Estes taradinhos são hienas
oportunistas que normalmente andam em bandos, visando alvos isolados. É assim
que mostram a sua “coragem”.
- Caso
você seja assediada pela internet, GUARDE CÓPIAS DE TODAS AS MENSAGENS QUE
RECEBER, faça um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Crimes Virtuais neste link,
exatamente como a Sabrina fez.
- Não
tenha MEDO ou VERGONHA de denunciar estes assediadores. Se você ficar quieta,
eles não vão te deixar em paz, pois encontraram um alvo fácil. Sabe como é,
valentão adora bater em quem não se defende...
- E se
você não denuncia o taradinho que te assediou, outras cosplayers podem ser
vítimas, pois como você não reagiu, ele acha que as outras não reagirão também.
Não é só você que será vítima caso se omita, esteja certa.
E aos
demais leitores de bem, peço que sempre ajudem quando perceberem uma cosplayer sendo
assediada ou caçoada – seja em eventos ou na net. Este é um dos grandes males comportamentais
que a geração atual de fãs precisa ajudar a erradicar, pois caso isso se
torne rotina, poderemos perder a pouca respeitabilidade e espaço que
conquistamos a duras penas na sociedade. Todos nós podemos melhorar a qualidade de vida dentro da nossa tribo - é só não deixar coisas ruins acontecerem!